segunda-feira, 19 de novembro de 2012

O livro de Milan Kundera

Audrey Hepburn
Acredito que quando não gostamos de um livro, é porque não o lemos no momento certo. Li A insustentável leveza do ser com 21 ou 22 anos e não fiquei apaixonada. Foi um frete chegar ao final, não achei tanta graça como esperava e fiquei bastante desiludida com a tremenda seca que apanhei. Na semana passada decidi voltar a pegar-lhe e em três quartos de hora já tinha devorado as primeiras 60 páginas. Três dias depois estava lido. O livro prendeu-me, conquistou-me, li-o com uma fome que em nada se parece com o prazer com que não o li da primeira vez.
Não é inédito que percepcione uma obra de maneira diferente em diferentes momentos da minha vida. Foi assim com Fernão Capelo Gaivota e com O Principezinho. Lê-los em criança, na adolescência ou depois dos 20 altera completamente o que absorvemos de cada página. Talvez a maturidade nos alargue horizontes, talvez a experiência nos conceda mais elasticidade. Agora aconselho-o como um dos livros mais completos e intensos que li. Um romance com pinceladas de Filosofia e História, profundamente humano, muito próximo do divino.

"Não há forma nenhuma de se verificar qual das decisões é melhor porque não há comparação possível. Tudo se vive imediatamente pela primeira vez sem preparação. Como se um actor entrasse em cena sem nunca ter ensaiado. Mas o que vale a vida se o primeiro ensaio da vida já é a própria vida? É o que faz com que a vida pareça sempre um esquisso. Mas nem mesmo «esquisso» é a palavra certa, porque um esquisso é sempre o esboço de alguma coisa, a preparação de um quadro, enquanto o esquisso que a nossa vida é, não é esquisso de nada, é um esboço sem quadro."

3 comentários:

lena disse...

É uma grande verdade.
Beijinhos grandes.

L disse...

Love it:D

Tamborim Zim disse...

Querida Lamparina, como é interessante apresentares essa citação. Quantas vezes me lembro dela! Essa, tb, a maravilha da leitura apaixonada: a companhia q nos faz ao imaginário e a partilha.