quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Do fundo da gaveta #5

Há coisas que nunca mudam, certo? Em 2008, escrevi:

"Cansam-me os pseudo intelectuais que se dedicam a criticar vorazmente os que não vestem apenas camisolões antracite e sobretudo preto, não exibem óculos sobre o nariz e não saem de casa sem olhar para o espelho. 
Cansam-me os pseudo cultos que não controlam a sua, na verdade, ignorante voz e que se assumem como seres superiores, numa tentativa ridícula de tornar o seu aspecto desleixado numa expressão de desprendimento do material, fruto das suas preocupações maiores enquanto iluminados. 
Exactamente pelo facto de serem superiores, meus queridos, permitam-me que vos diga que é urgente que se preocupem também com as coisas ditas menores, ou fúteis, se preferirem. São elas que nos distinguem das outras espécies… (tal como o riso. Caso não tenham reparado ainda, não há um único animal que mostre os dentes em sinal de cordialidade a não ser o humano. Sempre a aprender, aqui com a Aninha!) 
As roupas e os acessórios não só acompanham como marcam a História da Humanidade. Se os babuínos se começarem a cobrir de peles, também farão História… e evoluirão como nós. Compreendem-me ou é preciso explicar como se fossem muito, muito estúpidos? 
Lá por eu desejar uma t-shirt da nova colecção de Marc Jacobs, não quer dizer que não tenha lido Platão ou Hemingway. E não é por perder tempo a maquilhar-me que deixo de saber o que andaram a fazer por aí Niemeyer ou Gaudi… 
Posto isto, critiquem-me por louvar o trabalho histórico de Christian Dior, por ser fã dos sapatos de Pablo Fuster e de Christian Louboutin, por lamentar a retirada de Valentino, por sonhar com um vestido Roberto Cavalli, por admirar a atitude de Coco Chanel… mas experimentem tirar um pouco do mofo que já faz parte da vossa baça vida e riam. Riam às gargalhadas com a pessoa do outro lado do espelho… sim, isso mesmo. Vocês próprios."

3 comentários:

Imperatriz Sissi disse...

Tenho um ódio de estimação pelos pseudo intelectuais. Todos eles. Os chamados "pseudo intelectuais de esquerda" com a sua hipocrisia sem limites e teorias da conspiração para tudo, que metem política em tudo, então tiram-me do sério...principalmente quando decidem "tomar de assalto" certas organizações que não lhes pertencem. E o pior é que de todos esses, raramente se aproveita um, intelectualmente falando. Não há nada pior do que a cultura postiça, colada à pressa. No fundo, são tão paranóicos com a opinião alheia como a pior das fashion victims. "Se não me vestir mal e não andar meio sujo, não sou intelectual nem profundo - o horror!". A sua "rebeldia" limita-se à conformidade, a imitar os seus pares. Não têm criatividade, nem imaginação, nem capacidade para sonhar, nem sentido de estética, nem espírito, nem génio, muito menos sentido crítico ou a coragem de ser eles mesmos, de se expressarem artisticamente: são umas cassetes, uns papagaios, uns...wannabes. E isso revela pouca inteligência. É uma cinzentona tacanhez, de quem não foi habituado de pequenino a exercitar o intelecto e depois procurou compensar isso à martelada...

Imperatriz Sissi disse...

Este deu post,

http://jessi-aleal.blogspot.pt/2012/11/odiozinho-de-estimacao-pseudo.html

S disse...

Adorei Ana! Muito bom e bem escrito!!! Subscrevo totalmente :)
Bj s